Taxas para regularização migratória
Segundo a decisão, as imunidades previstas na Constituição Federal aos hipossuficientes se aplicam à situação dos estrangeiros mesmo antes da vigência da atual Lei de Migração.
Por decisão unânime, o Supremo
Tribunal Federal (STF) decidiu que estrangeiro com residência permanente no
Brasil que demonstrar condição de hipossuficiência tem direito à imunidade das
taxas cobradas para o processo de regularização migratória. Na sessão virtual
finalizada em 10/11, a Corte reconheceu o direito à expedição dos documentos de
registro de estrangeiro sem o pagamento das taxas de pedido de permanência, de
registro de estrangeiro e de carteira de estrangeiro em primeira via.
Condição jurídica do estrangeiro
O relator do RE, ministro Luiz Fux,
presidente do STF, assinalou que a atual Lei de Migração (Lei 13.3445/2017),
posterior à decisão questionada no RE, considera a condição jurídica do
estrangeiro a partir da disciplina humanitária contida na Constituição Federal
de 1988 e garante ao migrante a isenção de taxas mediante declaração de
hipossuficiência econômica, na forma de regulamento. O Decreto 9.199/2017, que
regulamenta a lei, concede a isenção nos mesmos moldes, e o procedimento de
avaliação da condição de hipossuficiência está disposto na Portaria 218/2018 do
Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Exercício da cidadania
Em seu voto, Fux assinalou que o artigo 5º da Constituição Federal assegura a igualdade a brasileiros e estrangeiros residentes no país e prevê aos reconhecidamente pobres, em seus incisos LXXVI e LXXVII, a gratuidade do registro civil e dos atos necessários ao exercício da cidadania. Segundo Fux, normas legais e infralegais que não assegurem essa condição violam o texto constitucional.
Tratamento isonômico
Fux lembrou, ainda, que o Supremo já apreciou, por exemplo, a possibilidade de concessão de benefício assistencial a estrangeiro residente no Brasil, consignando a necessidade de garantir o tratamento isonômico entre brasileiros e estrangeiros que moram no país (RE 587970).
“A gratuidade de taxas para registro do estrangeiro residente que se discute nestes autos se coloca como questão prévia ao próprio requerimento de concessão do benefício assistencial, pois este último, assim como a fruição de uma série de direitos fundamentais e serviços públicos básicos, só pode ser requerido após a devida regularização migratória”, observou.
O ministro citou outras hipóteses previstas na Constituição com relação a imunidade aplicável a taxas, como o pagamento de custas judiciais para a propositura da ação popular (artigo 5º, inciso LXXIII) ou mesmo para a realização do matrimônio (artigo 226, parágrafo 1º). Lembrou, ainda, que, no tocante à desoneração tributária para o registro geral ou para a expedição da primeira via da cédula de identidade para os cidadãos nascidos no Brasil e os filhos de brasileiros nascidos no exterior, o STF já reconheceu, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4825, que se trata de verdadeira imunidade constitucional.
Tese
A tese de repercussão geral fixada foi a seguinte: “É imune ao pagamento de taxas para registro da regularização migratória o estrangeiro que demonstre sua condição de hipossuficiente, nos termos da legislação de regência”.
Fonte: STF Notícias EC/AD//CF
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